Sala principal

Pressionando o ferimento com o pano que recebera, pôs-se a andar até o trailer com ela em seu colo.

A porta já estava aberta, e a conversa que propagou-se de dentro alarmou-o, tinha gente dentro de seu trailer, gente desconhecida, gente demais. Mas era de seus problemas o menor. Entrou abrindo espaço entre os três e deitou Aléxis no sofá.

— Seguinte. — Disse, atento ao ferimento que se abriu depois que afastou o pano, a palavra dirigia-se até Marien, mesmo sem a certeza da presença dela em todo aquele aglomerado de intrusos.

— Uma faixa, limpa. Vai encontrar uma na gaveta debaixo da ''pia'' do banheiro, quero que corte metade da atadura e molhe-a, o resto traga seca. —

O súbito agarrão em meu braço, mais nada, no momento em que o garoto se aproximou, a menina havia desmaiado. Dois de seus dedos foram até seu pescoço, ela ainda estava viva, sua fraca pulsação lutava pela sobrevivência.

Jackson suspirou, com sua mão ensanguentada ainda pressionando o pano, na espera da atadura.

— Sim, devo, várias. Mas não sou muito bom com explicações, sabe? Estou de recuperação na escola. Faça suas perguntas. — Retrucou.

Tomou da mão a atadura, e começou o trabalho, no meio tempo, tentava prestar quanta atenção possível nas perguntas.

— Não, não sou caçador algum, e também não tenho idéia do que se trata aquela merda lá fora. — Respondeu-o, circulando o pulso de Aléxis com a atadura úmida.

— E, sim, fique com ela, tem munição na prateleira. Aproveite e vá junto com o outro, para que aquele filho da puta não entre aqui novamente. —

Agora com a camada seca, a atadura estava pronta. Mas não se contentava com isso, tinha que levar a mulher até o hospital; a rápida lembrança de seu carro surgiu, e ele levantou mais uma vez com ela no colo.

— Sou Jackson, afinal. — Disse para o garoto de óculos, andando até a saída. — Se quiser respondo o resto das suas perguntas no caminho até o hospital, só precisamos trocar um pneu. —

Jackson aproximava-se com Aléxis em seu colo até a porta, sua atenção dividida no desenvolvimento do plano e todos os seus, digamos que, convidados.

—  Estou com as mãos ocupadas, pegue as três armas na prateleira e leve até o carr- — Falava para Marian, quando foi interrompido. Interrompido pelo gélido toque do cano da arma de Daezus.

 Sua reação, seca. Tentava achar no que falava a origem do problema, e se lembrou.
— Ah, desculpa, cara. — Disse, olhando-o com a menina pesada em seus braços. — Quis dizer o monstro, o filho da puta do monstro. Pelas suas roupas sei que sua mãe não é puta. — E então, esperando que as palavras fossem o suficiente, rumou até a saída, onde o carro o esperava, passou pelo garoto que carregava o cão, mirando-o curioso; aquilo não seria bom para o trailer, deixaria-o pior do que já é, mas não se importava.

— Pegue as duas 12 e a M4-A1. — Gritou para dentro, lembrando para Marian  os seus deveres, e continuou.
 
 Ao chegar ao carro, pôs Aléxis deitada atrás, e, enquanto a ajeitava, esperava o resto das pessoas que o acompanhariam.

Estava tão imerso em seus próprios pensamentos que mal percebeu que a menina havia sido realocada, apenas gentilmente empurrou Marian para o banco do carona, jogou sobre ela as armas que haviam sobrado e contornou o veículo, entrando no carro do motorista e ligando o motor.

— Então é isso aí. — Disse, ligando o rádio do carro, ajeitando o espelho e, finalmente, dando a partida.

Rádio:

Novo tópico: