Barzinho Ox

O barulho da porta abrindo e avisando mais um cliente ressoou, logo os pés da garota adentravam o local calmamente. As mãos nos bolsos e o caminhar lento da moça não despertaram Jackson de seu sono.

- Acorda, vagal. - sentou-se num dos bancos do balcão, fazendo questão de jogar as pernas por cima da madeira e bate-las ao lado da cabeça do moreno, num baque.

Sorriu de canto, jogando a cabeça para trás e suspirando profundamente, logo olhou-o novamente e deu de ombros;

- A vadia - falou, referindo-se a própria mãe - Me largou para ir na igreja. De novo. - deu uma pequena risada de escárnio, sabia que a mãe não estava na igreja - Foi rezar pra Santo do Caralho grosso. - pulou da cadeira para o balcão. - Então vim te fazer companhia.

Olhou-o inocentemente, com um pequeno sorriso enquanto piscava os olhos, batucando os dedos na madeira enquanto cantarolava a música baixo.

Aléxis sabia bem que não deveria estar indo para aquele lugar, ainda mais, tão tarde da noite. Sabia que seus pais odiariam saber. Mas que culpa tinha ela, de os mesmos terem ido viajar a alguns dias e ela ter de ficar presa na escola até tarde? Estava cansada o suficiente para não querer cozinhar um macarrão instantâneo. Não havia loja alguma aberta neste horário, para ela comprar algo pronto, então teve de improvisar.

Ela conhecia o Bar do Ox pelo nome, e pela má fama. Mas, por ser o point de várias pessoas, deveria no mínimo, ter algo comestível no lugar. Caso contrário, ela sairia dali tão rápido que mal a veriam.

Desligou o carro, fitando o local. Arrumou seus óculos e saiu do automóvel, batendo a porta do mesmo com cuidado. Havia ganhado há seis meses e atualmente, ele era seu bebe. Ligou o alarme antes de, com passos apressados, adentrar o lugar.  

Ignorou – ou fez o melhor que pode – todas aquelas tralhas que consideravam enfeites, até chegar ao balcão. Lá, estava um rapaz e uma garota, que conversavam animadamente enquanto o resto do bar estava vazio. Ajeitou os óculos novamente antes de fazer um pequeno som com a garganta, a fim de chamar a atenção do rapaz, que provavelmente era funcionário ali.

– Com licença, pode me dizer se há algo aqui para que eu pudesse saciar minha fome? Algum lanche, ou até entradas. Na verdade, qualquer coisa comestível seria de bom tamanho. –

- Ah, então eu não tenho, Oppa. - respondeu, pegando o copo entre os dedos da mão direita, olhou para porta que havia se aberta, arqueou a sobrancelha ao ver a garota de óculos entrar e pouco tempo depois um garoto.

- Fez pacto com Satã? - perguntei para Jackson, quando este se aproximou novamente do balcão, deixando o copo vazio por cima do móvel, cruzando as pernas e passando as mãos pelos cabelos. Fechei os olhos, a apreciar a música que saia do rádio.

Franziu o rosto, deixando sua decepção visível.
– Mas poxa vida. – Sussurrou baixo, para apenas ela ouvisse. – Vou morrer de fome. –
Em um ultimo ato de esperança, pegou o celular, procurando o número de algum lugar que poderia fazer entregas. Lembrou-se rapidamente que mal saia de casa para conhecer algum lugar assim, e nem precisava, visto que sua mãe sempre lhe preparava comida. Suspirou ao levar o celular ao bolso novamente.

Foi nesse momento que percebeu algo curioso, o rapaz que entrara no bar pouco depois dela havia acabado de tirar uma faca de algum lugar, e cravou-a no balcão, encostando a cabeça no mesmo.
Ficou ali parada, olhando para o garoto com a boca aberta, antes de voltar-se para o rapaz do balcão.
– Diga-me que este rapaz não é doen- OH, MEU DEUS. OLHA O TAMANHO DA PONTA DESTA FACA. –

Entrou e e logo sentou-se no balcão. - Eu quero algo forte, por favor. Tanto faz o que for. - Pediu, logo mais apoiando seu ombro no balcão e encarando o teto.

Riu, encarando o homem.
- ... Notável. Mas hoje estou a fim de uma bebida. - Ela sorriu, de leve.
- Sugere alguma coisa?

- Olha a marmita. - deu um pequena risadinha, pulando do balcão para o chão. Os sapatos fizeram um barulho oco, revirei os olhos - Tô vazando. Se chegar no trailer e tudo estiver revirado é porque você escondeu seus cigarros muito bem dessa vez. - falou alto suficiente para o garoto ouvir, já que estava mais entretido com a garota que acabara de chegar, a loira.

Abriu a porta e bateu em retirada dali com rapidez.

Como não havia recebido resposta alguma de qualquer um no bar, que aos poucos, ficava cheio. Já que ali não havia comida e aquela decoração macabra começava irrita-la, decidiu que deveria sair dali. Saltou do banco, caminhando novamente a passos apressados até sair do local. Ligou o alarme e espremeu-se pelo pequeno vão que abriu na pressa. Logo, uma sensação reconfortante tomou conta de si, apenas por estar em um local que lhe era conhecido.

Descontente com toda a situação, Aléxis pousou a cabeça delicadamente no volante, esquecendo-se do tempo.

Entro no estabelecimento e caminho em direção a mesa em que Jess estava sentado, me sentando ao lado dele.

Gritei, enquanto olhava ao redor, vendo que o único que estava fumando era um homem com aparência velha.